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Foto do escritorLeonardo Siqueira

Resenha | Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Atualizado: 20 de jun. de 2023

Miles Morales não é apenas uma versão alternativa. Ele é o Homem-Aranha e caminha para ser o melhor


Cartaz de divulgação do filme Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Fonte: Reprodução Internet


Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” é uma obra de arte estética e visual, e que chega para ser um dos melhores filmes da história do personagem e do gênero de super-heróis. Se em 2019 o filme já havia impactado o mercado de animações, dessa vez Aranhaverso revoluciona ainda mais fazendo com que cada traço e componente visual faça parte diretamente da construção da narrativa e de sentidos.


Aqui, Miles Morales já é um Homem-Aranha mais maduro e seguro do que no filme anterior, mas segue sendo um jovem com todos os seus desejos e problemas pessoais. Neste novo filme, Miles divide o núcleo de protagonismo com sua amiga-aranha Gwen Stacy, e ambos precisam lidar com os problemas dessa dualidade entre a vida de Aranha e a sua vida pessoal. O longa já começa contando a história de Gwen, que tem muito mais tempo de tela do que no filme anterior.


Em seu universo e longe de Miles, Gwen precisa lidar com a morte de seu melhor amigo Peter e escapar da perseguição do capitão Stacy, seu pai. Sozinha em seu mundo, as coisas mudam para a personagem quando o Homem-Aranha 2099, Miguel O'Hara, e a Mulher-Aranha, Jessica Drew, chegam ao seu universo para combater um vilão, e juntos os Aranhas partem para a Sociedade Aranha da qual Gwen passa a fazer parte.


A partir daí, Miles entra na história. Mais velho, mais alto e com um belo uniforme novo, o personagem convive com as responsabilidades de ser o amigo da vizinhança enquanto está constantemente atrasado e desconectado com questões familiares e escolares. E aí está uma das principais características do Homem-Aranha: seu lado humano, sua essência de querer fazer o bem e por isso não conseguir dar conta de muitos aspectos da sua vida pessoal.


Em dado momento dessa trajetória, Gwen e Miles se encontram e suas histórias passam a se cruzar novamente. É o ponto em que o multiverso começa a entrar cada vez mais na narrativa e trazer novos elementos ao filme. Com a adição de novos personagens e universos, os efeitos visuais da obra ficam cada vez mais evidentes na história. O filme não é lindo esteticamente por si só, mas ele tem cuidados especiais para cada momento, traços específicos para cada mundo e herói e representações que fazem parecer com que as revistas em quadrinhos pularam direto para a tela do cinema.


Dessa forma, o visual vai além de um caráter apenas estético, ele faz parte da construção da história. E nisso o filme também entrega muitos easter eggs e referências às outras produções da Sony e da Marvel (inclusive possíveis conexões), com composições visuais específicas de muitos desses elementos. A Sociedade Aranha, em especial, é uma explosão de informações e referências aos fãs. Para conseguir captar tudo, precisa estar atento a todos os lados.


Miles Morales em poster de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso.

Foto: (Divulgação/ Sony Pictures)


Dentro desse Aranhaverso, dois personagens se destacam. O primeiro é Miguel O'Hara, o Homem-Aranha de 2099, que desempenha um papel de antagonista na história. Um Aranha diferente do herói tradicional, Miguel é o líder da Sociedade Aranha e busca proteger o multiverso a qualquer custo, e é ele quem vai querer impor para Miles o seu destino, que deve seguir os eventos canônicos (coisas que precisam acontecer na vida de todo Homem-Aranha, como a perda de um ente querido). Já o outro é o Hobie Brown, o Spider-Punk. Com uma construção visual própria e incrível, Hobie se destaca por seus comentários irônicos e por fazer críticas ao sistema e figuras de autoridade. Além dos Aranhas, um novo personagem que também agrada neste novo filme é o vilão Mancha. Engraçado e ao mesmo tempo perigoso, Mancha tem sua história muito bem entrelaçada ao Miles Morales e representa uma grande ameaça não só ao herói, mas a todo o Aranhaverso.


No que diz respeito aos personagens que já fizeram parte da obra de 2019, alguns ganham mais destaque enquanto outros se tornam mais discretos. Além de Gwen, os pais de Miles também ganham mais tempo de tela, especialmente sua mãe, que dão um tom muito mais humanizado à história do herói. Por outro lado, o Porco Aranha, o Homem-Aranha Noir e Peni Parker pouco aparecem neste novo longa. Peter B. Parker também perde protagonismo, mas segue sendo relevante na história.


Vale ressaltar que a trilha sonora de Aranhaverso se mantém muito boa, mas não consegue ter o mesmo destaque que a do filme anterior. Isso não é um defeito dessa obra, só evidencia a qualidade da trilha sonora de 2019 que fez com que muitas músicas marcassem o filme de maneira especial, como “Sunflower”, “What’s Up Danger” e “Scared of the Dark”.


Por fim, “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” deixa uma mensagem sobre destino. A história de Miles fala sobre não deixar que outras pessoas decidam o seu futuro, mas que ele seja escrito por você mesmo. Desde que ganhou seus poderes, ainda como um simples jovem garoto negro do Brooklyn, Miles se vê numa posição onde outras pessoas estão continuamente lhe mandando o que fazer e como fazer. Mas desta vez ele decidiu escolher o próprio destino e mostrar que, por mais que muitas coisas se repitam por diversas vezes, não é o passado que deve determinar seu futuro.



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