Mitski convida o ouvinte para um passeio entre melodias melancólicas e esperançosas em seu sétimo álbum
A cantora, compositora e musicista nipo-americana Mitski, lançou seu sétimo disco de estúdio no dia 15 de setembro. Intitulado “The Land Is Inhospitable and So Are We” em tradução significa “A terra é inabitável e nós também somos”, o álbum conta com onze faixas e duração de 32 minutos. A produção ficou por conta de Patrick Hyland - Mitski é creditada como a única compositora de todas as faixas. O recente lançamento foi recebido com entusiasmo pelos fãs que temiam uma pausa na carreira da cantora.
Em 26 de julho, Mitski compartilhou o primeiro single e clipe de seu novo álbum. A canção intitulada “Bug Like an Angel” contou com a participação de um coral, o que acrescentou positivamente ao tom melancólico da música, onde o principal tema é vício e autodestruição. Seguindo as faixas do álbum, temos “Buffalo Replaced” aqui a cantora fala sobre uma esperança que é cega e não tem nome. O álbum é repleto de letras melancólicas - que são uma característica da cantora - permeado por temas como solitude, autoquestionamento, dor e amor. Mitski parece estar perseguindo uma luz que a libertará das confusões de sua mente.
“Heaven”, a terceira faixa do álbum, fala sobre um casal e o sentimento de estar apaixonado que te leva ao paraíso. Heaven possui no fundo, o som de uma orquestra que complementa lindamente com a voz angelical de Mitski. Em “I Don’t Like My Mind” a artista canta sobre as armadilhas que nossa mente cria, e como estar sozinho pode ser difícil se os seus pensamentos te consumirem. A tradução da letra diz: “Eu não gosto da minha mente, não gosto de ser deixada sozinha em um quarto, com todas as suas opiniões sobre as coisas que fiz.”. Na sequência “The Deal”, “When Memories Snow”, “My Love Mine All Mine”, e “The Frost” encontramos o que é parte essencial da força narrativa do álbum. Em “The Land Is Inhospitable and So Are We” é como se estivéssemos seguindo a história de uma personagem que se encontra sozinha no mundo, na terra, perdida com mais ninguém para contar, buscando por respostas. É um álbum com um tom místico.
Na sétima faixa intitulada “My Love Mine All Mine” é onde Mitski parece encontrar suas respostas e a esperança que busca por toda narrativa do álbum, e essa resposta é simplesmente o amor. A tradução da letra da música diz “Nada no mundo pertence a mim. Além do meu amor, meu, todo meu, todo meu”. Em um vídeo divulgado em seu canal oficial do Youtube a artista explicou um pouco sua motivação por trás da música e refletiu lindamente: “Amar é a melhor coisa que fiz na minha vida. Melhor do que qualquer música que já escrevi, melhor do que qualquer conquista, de longe”.
O amor é a resposta de Mitski em seu novo álbum. Ela também canta sobre esse sentimento tão bonito e especial na oitava faixa do disco nomeada “Star” onde compara com muita sensibilidade o término de uma relação amorosa a uma estrela que morreu e só podemos observar a luz que sobrou dela brilhando bem distante no céu. Em “I Am Your Man” a compositora canta sobre suas fraquezas humanas. “You believe me like a God. I destroy you like i am” a tradução diz “Você acredita em mim como se eu fosse um Deus, eu te destruo como se fosse um.” I Am Your Man tem uma grande força e presença no álbum, a produção é fenomenal! No fim da canção escutamos latidos de cachorros, mencionados no início da letra quando a cantora diz “You're an angel, I'm a dog” / “Você é um anjo, eu sou um cachorro”.
Na última faixa do The Land Is Inhospitable and So Are We, chamada “I Love Me After You”, Mitski encerra o disco dando sentido ao seu título, na música, a cantora se declara como “Rei de toda a terra”. Ela menciona que as ruas agora são dela e as noites também. Tudo agora é dela. Um encerramento que parece contemplar não uma solidão, mas uma solitude. A personagem da narrativa parece estar em paz consigo mesma após encontrar todas suas respostas, mesmo que sozinha nessa terra inabitável.
Em 2022, Mitski havia lançado o seu sexto álbum nomeado “Laurel Hell” onde em seu popular single “Working for The Knife” teceu críticas sobre a exploração e exaustão causada nos trabalhadores pelo capitalismo. Parte dos fãs entenderam que se tratava de uma crítica de Mitski à indústria musical e que a mesma não prosseguiria com a carreira. O projeto foi visto como um “álbum de despedida”. Felizmente, todos estavam enganados. O sétimo álbum de Mitski marca um grande retorno da artista. Com uma essência reflexiva, uma produção magistral, o álbum é um convite para um passeio entre melodias e letras tocantes, que no fim da aventura, encontra a resposta no amor.
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