top of page
Lorrane Mendonça e Rodrigo Vasconcellos

A luta pela democracia das instituições públicas

Atualizado: 15 de fev. de 2023

Em um cenário político desfavorável, as universidades públicas resistem e demonstram a sua importância democrática


Ato em defesa da democracia no Centro do Rio - Foto: Luiz Carlos Lima/Arquivo pessoal


Poucas horas após o ataque terrorista aos Três Poderes em Brasília, no dia 8, de janeiro, instituições públicas de todo o estado do Rio de Janeiro reafirmaram o seu dever na manutenção da democracia do país. Em nota de repúdio, o Fórum dos Reitores das Instituições Públicas Federais e Estaduais do Rio de Janeiro (Friperj) se posicionou contra a invasão organizada por grupos bolsonaristas e frisou a importância de respeitar a legitimidade do processo eleitoral.


Conhecida pelo seu longo histórico de resistência, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) é uma das universidades públicas que assinaram a nota. Afirmando que estamos diante de uma situação calamitosa, com a democracia brasileira sendo testada mais de uma vez, os reitores declararam que os envolvidos nas invasões aos prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e do STF (Supremo Tribunal Federal) precisam ser responsabilizados e punidos.


No mesmo dia, os Três Poderes do Rio de Janeiro também emitiram uma nota repudiando o acontecimento. Assinado por autoridades como o governador Cláudio Castro e o presidente da Alerj, André Ceciliano, o documento salientou que a liberdade de expressão, independente da corrente política, deve ocorrer sem pôr em risco a “coexistência pacífica dos diferentes segmentos da sociedade”. Os signatários ressaltaram ainda o seu empenho na luta contra qualquer iniciativa que possa ameaçar a democracia.


Esforços para o contragolpe


Na segunda-feira (9), um dia após os atos inconstitucionais, diversos grupos espalhados por todo o país se organizaram para ir às ruas e demonstrar que o número de pessoas a favor da democracia é muito maior. Movimentos estudantis foram alguns dos mais presentes, como a União da Juventude Comunista (UJC) e o Correnteza, ambos instalados também na Uerj e responsáveis pela mobilização de inúmeros estudantes.


No Rio de Janeiro, o ato em defesa da democracia aconteceu na Cinelândia e, mesmo em meio à chuva, contou com milhares de pessoas que se reuniram em frente à Câmara de Vereadores. Assim como as notas emitidas pela Friperj e pelo Estado do Rio de Janeiro, aos gritos de “sem anistia”, os manifestantes se reuniram para demonstrar repúdio pelos atos terroristas em Brasília. Além dos movimentos estudantis, entidades como a Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo e a Unidade Popular também participaram da organização.

A aluna de Comunicação Social da Uerj Julia Freitas esteve presente na manifestação e afirmou que foi um ato tranquilo e pacífico. “Mesmo sendo uma manifestação contra coisas terríveis, o clima deu a entender que não estamos sozinhos na luta contra o fascismo”, afirmou ela.


Manifestantes se concentraram em Campo Grande, Rio de Janeiro - Foto: Redes sociais


Segundo Julia, a presença dos estudantes em protestos desse tipo é imprescindível para que o posicionamento da universidade seja evidenciado: “é super importante uma instituição como a Uerj estar presente nesses atos, mostrando sua resistência e seus valores”. Na esteira das medidas adotadas para enfrentar os golpistas, como a intervenção na segurança pública do Distrito Federal e o afastamento do seu governador, Ibaneis Rocha, foram presos vários participantes dos atos e os números vem se alterando constantemente, por conta das operações que continuam a acontecer. É difícil precisar o número exato de presos até o momento, especialmente porque muitas ações acontecem em vários estados e alguns são presos e depois liberados.


No entanto, os números mais recentes, de 30 de janeiro, da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do DF aponta que 616 homens estão no Centro de Detenção Provisória II (na Papuda), 306 mulheres estão na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia, e 459 pessoas estão sendo monitoradas por tornozeleira. Os prédios depredados já foram recuperados e voltaram a funcionar, o que demonstra que as instituições resistiram aos ataques.


47 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page