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  • Foto do escritorVitória Thomaz

Aquecimento global: bebês pinguins morrem afogados na Antártida

Pesquisa alerta que mudanças climáticas podem extinguir até 90% das colônias de imperadores até o fim do século


Filhotes de imperadores precisam trocar de penas antes que o gelo derreta. Foto: Freepik


As mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global causam inúmeros problemas e vem afetando fortemente a Antártida. O risco de desaparecimento de espécies é um desses casos. Recentemente, um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment revelou como o derretimento das geleiras coloca em ameaça a vida e reprodução de pinguins-imperadores. Essa espécie se reproduz entre abril a dezembro e precisa de estabilidade das geleiras para que os filhotes sobrevivam.


O estudo apresentou que, se as atuais taxas de aquecimento persistirem, mais de 90% das colônias de imperadores estarão quase extintas até o final do século.


Cesar Amaral, Professor do departamento de Biofísica e Biometria da Uerj e pesquisador do Programa Antártico Brasileiro, explica que o gelo na região da Antártida teve uma perda significativa entre os anos 70 e 90 e, nos anos 2000 e 2010, foi observado um aumento desse derretimento. “Entre 1979 e 1990 a Antártica perdeu, em média, 40 bilhões de toneladas de gelo por ano. Entre 2009 e 2017, essa perda subiu para 252 bilhões de toneladas por ano". O derretimento das geleiras está acelerado comparado ao passado. Até mesmo zonas antes consideradas seguras, agora encontram-se ameaçadas. “Até certas zonas consideradas estáveis em relação às mudanças climáticas na Antártica Oriental sofrem com o degelo. O aquecimento global está provocando um degelo acelerado da Antártica, com uma velocidade em torno de seis vezes superior à registrada há 40 anos”.


Os pinguins-imperadores, quando ainda são filhotes, não têm a camada de pele que é a prova de água gelada e até os três meses de idade dependem totalmente dos pais. Com o gelo derretendo, os filhotes não resistem e se afogam ou congelam até a morte. Estudiosos do British Antarctic Survey (BAS) observaram essa tragédia por meio de satélite e compartilharam os dados na pesquisa.


Imagens do satélite revelaram que as colônias localizadas no Mar de Bellingshausen, no Oeste da Antártida, foram altamente impactadas pelo aquecimento global, o que dizimou a população de novos pinguins.


Colônia da ilha Smyley, na região do Mar de Bellingshausen. Reprodução: BBC


A equipe de cientistas observou que o gelo marinho sob as colônias de pinguins-imperadores derreteu em novembro, antes que os filhotes pudessem ter tido tempo de trocar as penas pelas necessárias para conseguir nadar.


Qual o impacto dessa perda para o meio ambiente?


Cesar Amaral, ressaltou a importância dos pinguins-imperadores para o meio ambiente. O pesquisador destacou o quanto a perda dessa espécie provoca efeitos graves em toda a cadeia alimentar, sem eles, aconteceria um desequilíbrio. "A perda de qualquer espécie caracteriza um desastre para o planeta de maneira geral. Isso se torna mais evidente quando consideramos organismos antárticos. O desaparecimento do pinguim-imperador pode ter um efeito considerável uma vez que na Antártica, um ambiente naturalmente extremo, as cadeias alimentares caracterizam-se por apresentarem menos membros e conexões. Desta forma, o desaparecimento de um destes elos pode gerar efeitos graves em toda a cadeia”.


Cesar destaca ainda a importância do gelo marinho para o mundo. Segundo ele, as geleiras funcionam como um isolante térmico essencial para a atmosfera. “O gelo marinho na Antártica desempenha um papel crucial na análise do clima global, atuando como isolante térmico ao reduzir as trocas de calor entre o oceano e a atmosfera. A influência do gelo marinho antártico na circulação atmosférica e nos ciclones extratropicais é evidente e resultados de pesquisas recentes apontam que a remoção do gelo marinho antártico resulta em alterações significativas nas variáveis atmosféricas, aumentando a intensidade desses sistemas em toda a região do Atlântico Sul, inclusive podendo afetar as regiões litorâneas da região sul/sudeste do Brasil”.



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