Professor de Educação Física na Uerj destaca principais dificuldades do esporte no país; eMuseu do Esporte lança programa que estimula apoio aos atletas
Foto: Alexandre Loureiro/ COB
Prova de Atletismo em disputa dos Jogos da Juventude Ribeirão Preto 2023.
Para os Jogos Pan-Americanos de 2023, que começaram no dia 20 de outubro e vão até 5 de novembro, em Santiago, no Chile, a delegação brasileira conta com 635 atletas - a maior do país para uma competição no exterior. Desses atletas, cerca de 74% são contemplados pelo Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual do governo federal. No entanto, para Daniel Chagas, professor associado no Instituto de Educação Física e Desportos (IEFD) da Uerj, as condições desses atletas de alto nível não representam a dura realidade do esporte no Brasil.
Para o professor, a cultura esportiva no país é pobre e muito limitada ao futebol masculino - em especial, a elite - e afirma que muitos atletas não são capazes de alcançar um status de profissional para viver de competições: “O esporte de alto rendimento é um percentual muito pequeno da população esportiva. São muito poucos que chegam ao topo da pirâmide. Não vai ser todo mundo que vai viver daquilo”, declara.
Segundo Chagas, as principais fontes de apoio dos atletas são o investimento público e o patrocínio privado, mas que atingem especialmente os esportistas de ponta, que já têm maior destaque e possibilidades de conquistar medalhas e campeonatos. Ele ainda reforça que, diante disso, muitos atletas jovens e com potencial, acabam ficando sem recursos porque a prioridade costuma ser quem já está em um patamar mais avançado e com mais chances de alcançar um pódio. Ou seja, o investimento é voltado para os melhores de agora, e muitos que têm potencial para alcançar esse nível no futuro acabam por não receber a atenção e o suporte necessário para evoluir.
Um atleta em início de carreira, por exemplo, geralmente depende apenas de seus próprios recursos e, por muitas vezes, precisa desistir do esporte: “A gente tem um abandono de esporte muito grande. Um atleta de ponta começa na infância. É difícil, é uma jornada dura: tem que estudar, treinar, um monte de responsabilidades. E se seus resultados não estão sendo satisfatórios e você não tem recursos, tem hora que isso cansa”, relata o professor.
eMuseu do Esporte lança programa “Apoie um Atleta”
Foto: Leonardo Siqueira
Bianca Gama, Davizinho Radical e o surfista Caio Vaz no Rio Innovation Week 2023.
Durante o Rio Innovation Week de 2023, o eMuseu do Esporte anunciou o lançamento do programa “Apoie um Atleta”. Segundo Bianca Gama, Doutora em Ciências do Exercício e do Esporte pela Uerj e idealizadora do eMuseu, o projeto tem o objetivo de ajudar atletas a conseguir apoio ou patrocínio: “A gente criou o ‘Apoie um Atleta’ dentro do eMuseu do Esporte, para que a gente possa ser um veículo para que patrocinadores achem os atletas e que os atletas sejam conhecidos nas suas modalidades”, explica.
Dessa forma, o programa atua como um intermediário entre atletas e apoiadores, que podem se inscrever através do site emuseudoesporte.com.br.
No stand do eMuseu no Rio Innovation Week, Davizinho Radical, atleta bicampeão mundial de surf adaptado, destacou a importância dos patrocinadores. Para ele, o patrocinador atua como um parceiro do atleta nas diversas necessidades, e ressalta que também faz parte da equipe e que sobe junto ao pódio em caso de conquista de medalha, o que faz com que o patrocínio também esteja em evidência.
Contudo, Davizinho relata a dificuldade de ter um apoiador, especialmente para os atletas adaptados: “Eu, principalmente como atleta adaptado, falo por nós: a dificuldade do patrocínio, a dificuldade do apoio para nós é extremamente maior por conta de muitas empresas, muitas das vezes, não olharem da mesma maneira para um atleta convencional e para o atleta adaptado.”
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