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Foto do escritorAna Cândida

Exposição na Galeria Candido Portinari celebra as diferentes faces do amor

“Poderosa Energia do Amor” debate uma nova narrativa acerca da comunidade preta


Ancestralidade, cultura e negritude. Essas três palavras caracterizam a exposição “Poderosa Energia do Amor”, que estreou no último dia 29 de novembro na Galeria Candido Portinari. Sob curadoria de Ana Paula Alves, Isaac Nicácio e Nana Rosas, e coordenação geral de Diogo Santos, a mostra promove um olhar sociocultural acerca da experiência negra na diáspora, para além das experiências de dor e sofrimento. A exposição pode ser vista até 26 de janeiro e é uma colaboração entre o Departamento Cultural da Uerj (DECULT), Coordenação de Exposições de Arte (COEXPA) e o Programa de Extensão Museu Afrodigital do Rio de Janeiro. 


A curadora da exposição, Ana Paula, cita Tina Campt para descrever o propósito do projeto. Em um de seus textos, a autora afirma que "somos forçados a lidar com múltiplas frequências de luto e indignação" e "de contar com a frequência do agravamento do luto pela perda cíclica e repetitiva da genialidade negra". Essas frases constituem uma relação com a realidade da comunidade preta, onde as estatísticas apontam para as inúmeras mortes de pessoas pretas. Paralelo a isso permanece a resistência preta – que se esmaece frente a estereótipos. “Pensar sobre amor e seus desdobramentos como uma significativa produção nos fez pensar em uma exposição que fizesse sentido nestes termos”, explica Ana Paula. 


Elementos artísticos presentes na exposição “Poderosa Energia do Amor” (Reprodução: Ana Cândida)


Através das obras, é retratado a celebração do amor como ponto central da comunidade preta. Reunindo dezenas de elementos, a exposição inclui pinturas, poesias e até mesmo estruturas. As artes – em sua maioria – também abordam temas importantes como o cotidiano de pessoas da periferia, religiões de matriz africana e a desigualdade social. “Poderosa Energia do Amor” nasceu de uma necessidade de contar novas narrativas pretas. Apesar de ter sido inaugurada próxima à comemoração da Consciência Negra, a exposição se define como uma reafirmação de que a consciência da nossa raça é feita todos os dias. 


Uma característica central na mostra é a presença da música e a maneira que ela é utilizada como referência direta ao amor. Álbuns como o “Numanice” e cantores como o Mano Brown são vistos como peças chave durante o processo de abordar todas as formas de amor dentro da galeria. Ana Paula ressalta que os três curadores fizeram parte de diferentes gerações, e a música – assim como outros elementos culturais – influenciou na formação deles e, com isso, também influenciou na formação e construção do projeto em si. “Poderosa Energia do Amor” também possui uma playlist no Spotify com cerca de dez horas. O repertório inclui músicas dos anos 80 e outras que exprimem as nuances do amor e a celebração negra. 


A exposição estabelece também a concretização de laços entre três polos de artes da Universidade e do estado em si. Isaac Nicácio, outro curador da mostra, conta que a união ocorreu no ano passado. Iniciando com Diogo Santos, atual coordenador do COEXPA que já tinha contato com Ana Paula, coordenadora do Museu Afrodigital. Posteriormente, a dupla também se juntou com o professor Rafael, que auxilia as oficinas da COART. “Com a junção dos três conseguimos fazer essa troca e começar a pensar na ideia de trabalhar a arte com a educação”, explica Isaac. O curador complementa que essa troca de referências resultou na chegada de mais pessoas ao projeto. 


Obra “Nancy e Vilma”, da artista rOna e ao lado diversos textos na parede (Reprodução: Ana Candida)


Durante o processo de troca sobre amor, família e vida, os curadores analisaram o que cada artista/obra tinha de referência. Inicialmente, foi feita uma lista de desejo com cerca de trinta nomes e em seguida direcionaram para o que cabia dentro da realidade – desde o orçamento da COEXPA e até mesmo a disponibilidade dos artistas. Para além das obras, a mostra também apresenta textos, ideia reprisada de uma exposição anterior feita pelos curadores. Aqui, eles trabalharam com a ideia de pedir para que esses autores escrevessem mediante o conceito da exposição e sobre as obras que já estavam confirmadas até o momento. 


“Poderosa Energia do Amor” conta com diversos artistas, incluindo Agrade Camiz, Barbara Copque, Daiane Lucio, Erick Peres, Lais Reverte, Leah Cunha, Lucas H. Rossi, Matheus Morani, Mbé, Miguel Afa, Millena Lízia, Mulheres de Pedra, Osvaldo Carvalho, Rona Neves, Siqueira, Viviane Laprovita & Vladimir Ventura e Waleff Dias. Além disso, a exposição também apresenta textos de Bernardo Oliveira, Daniele Queiroz, Fabiana Pereira, Gabriela Nolasco, Jaciana Melquiades, Janaina Damaceno, Lorraine Mendes, Luara, Osmar Paulino, Renato Noguera, Silvana Bahia e Tais Machado. 


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