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  • Everton Victor e Julia Lima

Instituições de pesquisa listam fome e crise climática como prioridades para líderes mundiais

Documento reúne propostas de think tanks a serem entregues aos chefes de estado no encontro do G20 em novembro no Rio


Por Everton Victor e Julia Lima


Medidas para promover transições energética, financeira e digital justas e ações para evitar e mitigar os efeitos das mudanças climáticas estão entre as propostas da sociedade civil para os líderes das 20 maiores economias do mundo, o G20. O chamado T20, grupo de think tanks (instituições que geram pesquisas e discussões sobre políticas públicas e questões socioeconômicas), se reuniu no Rio nos dias 2 e 3 de julho para apresentar o resultado das reuniões de trabalho, que está disponível no Communiqué, um documento de 68 páginas com sugestões para serem discutidas na Cúpula de Líderes do bloco e incorporadas na declaração final.


O documento reúne 10 recomendações principais e reforça que todas as propostas devem ser pautadas na troca de experiência e projetos já implementados entre as nações, sempre com um olhar mais atento aos países carentes. Entre as sugestões estão a criação de uma aliança global contra a fome e a pobreza, junto com uma cooperação multilateral com financiamento e uma política fiscal que promova justiça climática. Além disso, a declaração é a primeira do T20 que inclui o subtópico de Igualdade Étnico-Racial nas recomendações.


T20, subgrupo de think tanks do chamado G20 Social, reúne instituições e a sociedade civil. O Brasil, atual presidente do G20, é pioneiro na criação dessa esfera de debate. O G20 Social reúne 13 grupos de trabalho: C20, para sociedade civil, Y20, para a juventude e o L20 para sindicatos. Cada um deles, assim como o T20, liberou ou ainda irá liberar um Communiqué com suas propostas. 


Ao todo, o T20 reúne mais de 120 pessoas divididas em 6 forças-tarefa - que neste ano apresentaram mais de 300 policy briefs (instruções). Apesar de as discussões acontecerem com protagonismo brasileiro neste ano, empresas de todo o mundo foram convidadas a participar da elaboração dos trabalhos. A representatividade feminina também é destaque nesta edição: as três líderes do T20 Brasil são mulheres, enquanto nas co-lideranças elas representam 60%. 


O Communiqué do T20 é construído assim: cada força-tarefa produz suas instruções e libera uma declaração. Um grupo superior fica encarregado de analisar e criar as 10 recomendações principais do documento, que unem demandas de vários ou todos os grupos de trabalho. O trabalho de cada uma também é apresentado em instruções específicas individualizadas. 


O Comitê Organizador do T20 é composto por duas instituições governamentais e uma não governamental. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) e também o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), compõem a comissão. 


Uma das inovações que o comitê fez nesta edição foi entregar as propostas antes da Cúpula final do G20. Para Fábio Veras Soares, diretor de Estudos Internacionais do Ipea, é estratégica essa iniciativa, pois, durante os cinco meses que o Brasil ainda tem na presidência do bloco, o foco deve ser o debate sobre implementação das recomendações que foram elaboradas. 


Na prática, apesar de o T20 não poder efetivar as orientações, pode pressionar e influenciar os debates da Declaração de Líderes, transformando o Communiqué em políticas públicas em todo o globo. A reunião com as lideranças das principais economias do mundo vai acontecer nos dias 18 e 19 de novembro na cidade do Rio de Janeiro.


A formulação de cada proposta presente no Communiqué está sempre alinhada às prioridades definidas pela presidência brasileira no G20, com estudos e dados que fundamentam as sugestões. Fábio acrescenta que a diversidade de think tanks discutindo problemas e soluções vai além de ajudar países emergentes, mas pensar as desigualdades também no Norte Global. “Os países desenvolvidos têm que olhar suas políticas públicas e tentar melhorá-las, o que pode ser aprendido com o Sul Global”, conclui.


Poucos dias antes da reunião dos líderes mundiais do bloco, todos os grupos do G20 Social vão se reunir para discutir os trabalhos e as sugestões desenvolvidas durante todo o ano. O evento será na cidade do Rio entre os dias 14 e 16 de novembro.



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