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Foto do escritorLeonardo Siqueira

Projeto do CAp-Uerj usa audiovisual para ensinar biologia aos alunos

Aulas mesclam informação e entretenimento para aumentar o engajamento dos estudantes na disciplina


Alunos do CAp-Uerj produzindo audiovisual em sala de aula. Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal

Uma aula clássica de ciências pode ser um terror para muitos estudantes do Ensino Médio. Mas há formas diferentes de aprendizado. Para melhorar o engajamento dos alunos nas aulas, o projeto Produção Audiovisual Educacional, do CAp-Uerj, promove o uso do audiovisual para ensinar biologia a partir de novas perspectivas, de maneira mais leve e descontraída.


Waldiney Mello, coordenador do projeto, diz que o audiovisual é capaz de levar, ao mesmo tempo, entretenimento e informação aos estudantes, fazendo com que a aula seja mais divertida e melhor absorvida: “Você dá dois tempos de aula explicando uma tecnologia inspirada por animal, é um caos. Mas se você vem com um audiovisual de um minuto, eles falam: ‘Ah, agora entendi’.”


Como funciona


Segundo Mello, as aulas têm o objetivo de ensinar aos alunos diversas técnicas do audiovisual, para que, dessa forma, a turma consiga realizar suas próprias produções dentro e fora da sala de aula sobre conteúdos curriculares da biologia.


O professor explica que os alunos trabalham com “Stop Motion” (técnica que utiliza uma sequência de fotos de um mesmo objeto para simular movimento), Animaker, Draw My Lifee edição de paródias, e ressalta que os estudantes engajam mais quando o conteúdo envolve algo que já estão acostumados a ver na televisão: “Vamos fazer uma paródia e inserir botânica. Quando a gente vai dar uma aula de botânica, é muito mais pesado o conteúdo. Usa só slide, quadro, estudo dirigido. Mas quando a gente trabalha com a paródia, aquilo diverte mais.”


Beatriz Araujo, bolsista do projeto e estudante do 3º período de ciências biológicas na Uerj, conta que vê os alunos se divertindo e se interessando mais pelos conteúdos durante a produção de uma paródia, por exemplo: “Os alunos escrevem o roteiro, dublam, colocam a legenda. E aí ficam interessados, fica divertido. E no processo de escrever o roteiro, acabam internalizando o conteúdo, porque eles pesquisam para isso.”


Ela ainda relata que seu trabalho busca juntar a biologia com a cultura pop, e destaca que esse método pode ajudar para que os alunos, em seu tempo livre, associem algum conteúdo da biologia ao assistir determinado filme ou série, por exemplo. Dessa forma, um tema de uma aula pode ser internalizado de uma forma mais espontânea e descontraída.


Mello diz que também ensina a linguagem do audiovisual através de exemplos de documentários já produzidos, demonstrando as técnicas utilizadas, o posicionamento das câmeras etc. Ele afirma que, ao utilizar essas curiosidades em uma aula de biologia, o aluno se surpreende e passa a ver o conteúdo através de uma nova perspectiva.


O projeto começou com Waldiney Mello entre 2016 e 2017 a partir de uma iniciativa do professor em usar sua experiência adquirida na oficina “Geração Futura Educadores”, do Canal Futura: “Eu peguei todas aquelas ideias e falei: ‘Olha, acho que cabe em sala de aula.’ Então idealizei um projeto para passar isso para a comunidade, para ensinar as pessoas a fazerem audiovisual científico.”


Ele afirma que as técnicas estabelecidas para as produções são frutos de sua experiência com o Futura, mas que no início contou com ajuda de bolsistas e profissionais de Jornalismo da Uerj, principalmente para acrescentar ao projeto uma visão também de divulgação científica: "Essa parceria com alunos e professores do jornalismo têm trazido algumas experiências bem interessantes para a gente”, declara.


Mello reforça a importância do uso da comunicação como pontes entre diversas áreas de conhecimento, mas lamenta que outros projetos do CAp-Uerj ainda não adotem essa prática.


O projeto faz parte do Laboratório de Tecnologias Educacionais Disruptivas (Lated) e, no momento, atende aos alunos do 1º ano do Ensino Médio do CAp-Uerj.


Lated em stand no Rio Innovation Week. Foto: Reprodução/ Arquivo Pessoal

Inclusão


O uso do audiovisual na educação vai além de apenas uma aula mais divertida, ele serve justamente para ajudar a capturar ainda mais a atenção dos alunos. De todos eles. Neste ponto, o professor chama atenção para como o projeto ajuda também na participação dos estudantes neurodiversos nas aulas.


O coordenador afirma que o projeto conta com muitos alunos com transtorno do espectro autista (TEA), Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e dislexia, e que o audiovisual ajuda a fazer com que esses alunos se envolvam mais nos conteúdos: “Eles ficam com mais vontade de produzir. Eles se sentem meio: ‘Nossa, eu fiz o meu filme. Eu fui o diretor de mim mesmo’. E a gente começa a brincar com a área de cinema, jornalismo e a área acadêmica de biologia e ciências”, relata.


Beatriz Araujo é membro do coletivo autista da Uerj e reforça que o trabalho é voltado para que o conteúdo possa ser compreendido por todos os alunos, sem distinção, e que todos se sintam incluídos pelo projeto.




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