Professora da FCS enfatiza a necessidade de ações do governo para diminuir desigualdades de gênero no Brasil
Bandeira da ONU / Reprodução: Internet
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, divulgou o relatório Índice de Normas Sociais de Gênero, que traz números alarmantes. O documento foi elaborado a partir de um estudo que cobre 85% da população mundial e aponta que o preconceito contra mulheres está presente em 90% dos entrevistados. A pesquisa detalha ainda que o preconceito é menos intenso em países com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) mais alto.
Em 2019 foi publicado o primeiro relatório desse tipo. Desde então, os estudos não conseguiram registrar avanços na diminuição das desigualdades entre os gêneros.
O chefe do escritório de Desenvolvimento Humano do Pnud, Pedro Conceição, aponta que foram feitos avanços na educação, principalmente em alguns países em que mulheres não tinham acesso ao ensino, mas que as normas sociais prejudicam não apenas os direitos das mulheres, mas também prejudicam os avanços sociais.
Foto de uma mulher triste/ Reprodução: Internet
A pesquisa abrange quatro áreas temáticas, política, mercado de trabalho, educação e integridade física e revela também que 25% dos entrevistados acham justificável agredir a companheira. Para 46% das pessoas ouvidas, os homens devem ter mais direito a empregos do que mulheres e um dos dados mais impressionantes é que apenas 27% dos respondentes acham importante para a democracia que mulheres tenham os mesmos direitos que os homens.
Especialistas apontam que as mídias e os comunicadores desempenham um papel importante na forma como a população enxerga as normas sociais e ressaltam que é fundamental ampliar a representatividade feminina. Alertam ainda que o combate ao discurso de ódio, em qualquer esfera, deve ser contínuo.
Em terras brasileiras
O Brasil foi o único país da língua portuguesa a participar do estudo. O estudo também apontou que o preconceito contra mulheres no Brasil é um pouco mais baixo (84,5%), mas especialistas afirmam que ainda há muito a ser mudado para que a igualdade de gêneros seja alcançada.
Mais de 30% dos brasileiros acreditam que homens têm melhor desempenho na política do que mulheres. Isso se reflete, por exemplo, nos números das últimas eleições, quando apenas duas mulheres foram eleitas para o cargo de governador.
No quesito educação, apenas 9% dos entrevistados acreditam que uma formação de nível superior é mais importante para homens do que para mulheres. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que elas são a maioria em números absolutos nas universidades.
A professora Associada da Faculdade de Comunicação Social Cíntia Sanmartin Fernandes fala da dimensão simbólica da Lei de Igualdade Salarial assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu queria salientar que, por exemplo, equiparar salário não significa que vai resolver todos os problemas que nós enfrentamos como mulheres, né? Isso é só uma das esferas de conquistas de luta política e econômica de mais de um século do movimento feminista”, assegura a professora.
Cíntia enfatiza a necessidade de ações do governo para que as desigualdades sejam diminuídas e destaca que a presença feminina no meio político pode ser um diferencial. Outros pontos listados pela professora como cruciais para permitir que mulheres tenham melhores condições no mercado de trabalho são, além de mobilidade urbana e segurança, a existência de creches e escolas em turno integral.
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