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Foto do escritorAna Cândida

Rio Innovation Week debateu inovação, mas falhou em acessibilidade

Uerj marcou presença no evento com palestras e projetos científicos; filas enormes e escadas dificultaram acesso de pessoas em cadeiras de rodas


De 3 a 6 de outubro, a Rio Innovation Week, maior convenção de tecnologia, inovação e negócios da América Latina, tomou conta do Píer Mauá. Reuniu 27 conferências e mais de 200 expositores, para um público de aproximadamente 120 mil pessoas. Segundo os organizadores, a feira também foi responsável pela geração de 18 mil empregos diretos e indiretos.


No primeiro dia do evento, porém, problemas de infraestrutura e acessibilidade afetaram negativamente a experiência de visitantes com deficiência ou mobilidade reduzida. A entrada para a RIW, feita por um túnel tecnológico e interativo, era acessível apenas por escadas – o que excluiu completamente aqueles que dependiam de acessibilidade. Embora houvesse uma rampa disponível na lateral do espaço, ela não permitia o acesso à área inicial do evento, tornando impossível aproveitar todas as atividades oferecidas e partilhar da experiência completa.


Escadas de acesso à ativação inicial do RIW (Reprodução: Ana Cândida)


A estudante de Nutrição da Uerj Julia Alves foi acompanhada de uma amiga cadeirante e relatou que as duas esperaram mais de uma hora para conseguir entrar no evento pela rampa lateral. “A própria equipe do RIW não tinha informações sobre onde era a entrada para cadeirantes. E quando encontraram o portão, ele estava trancado e tivemos que esperar alguém para poder abrir”, afirmou Julia. A estudante observou também que dentro do evento havia rampas totalmente íngremes e outras com estruturas em cima, impedindo o uso. Julia também notou que algumas rampas eram da mesma cor do chão, o que levou muitas pessoas a tropeçarem e caírem.

Para uma conferência tão grande, faltou pensar em acessibilidade para todos os visitantes, independente de suas limitações físicas. Muitos eventos têm procurado incluir na equipe de logística uma pessoa com deficiência ou um profissional de acessibilidade para dar mais atenção a esse tema. A Agenc questionou a assessoria da RIW sobre as dificuldades de acessibilidade, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.


Em sua terceira edição, a RIW contou com a participação de personalidades importantes no mundo da comunicação, como a cantora Anitta e o artista global Kobra. Performances artísticas abordavam o cotidiano carioca por meio de fotografias, obras de arte e estruturas tecnológicas. O evento teve como foco a promoção da troca de conhecimento, o estabelecimento de relações comerciais e o aumento da visibilidade de empresas (desde grandes corporações até startups) e outros projetos inovadores.


Uerj participou com palestras e ofereceu 10 mil ingressos para comunidade acadêmica


A Universidade do Estado do Rio de Janeiro participou dos quatro dias da Rio Innovation Week, apresentando dezenas de projetos desenvolvidos por seus estudantes, docentes e parceiros. Um amplo estande da Universidade foi montado no Armazém 4 do Píer Mauá, enquanto no Armazém 5, doze estandes menores serviram como base para as equipes dos projetos exibirem materiais e interagirem com o público. Este ano, a Uerj disponibilizou dez mil passaportes para que a comunidade uerjiana tivesse acesso ao evento de forma gratuita.


Entrada principal do Rio Innovation Week (Reprodução: @rioinnovationweek/Instagram)


Um dos projetos divulgados no evento foi o Verde in Vitro, do Laboratório de Biotecnologia de Plantas da Uerj (Labplan). Voltado para a extensão universitária, o projeto foca na propagação in vitro de plantas ornamentais e na conexão das pessoas com a natureza. O Labplan realiza pesquisas na área de produção e conservação in vitro de plantas e substâncias bioativas, com diversas colaborações nacionais e internacionais. Além disso, o grupo impulsionou a criação do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal (PGBV/IBRAG), que completou 15 anos este ano.


A jornalista e professora da Uerj Fernanda da Escóssia, coordenadora da Agenc, foi palestrante do primeiro dia do evento e discutiu a invisibilidade dos brasileiros sem documentos, tema de seu livro. Fernanda destacou que esse problema é geracional e que muitas vezes, numa mesma família, há crianças, pais e avós indocumentados. Fernanda contou que a pesquisa surgiu do seu trabalho como repórter, analisando dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) e se deparando com histórias de crianças indocumentadas. “Um Brasil com pessoas sem documentação é um Brasil pela metade. Essas pessoas estão fora da cidadania, então é importante debater sobre isso“, afirmou a professora.

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