Mostra na Galeria Candido Portinari/Uerj promove uma discussão sobre os limites do corpo humano
“Sagrado Abjeto”, exposição que pode ser vista na Galeria Candido Portinari até o dia 7 de julho, reúne obras que propõem conversas sobre os limites do corpo, sobretudo no que diz respeito à capacidade corporal de transformar todo tipo de situação que poderia aparentar ser desconfortável em prazerosa, de forma consensual e segura. Ao todo são doze artistas participando da mostra, que incluem obras, pintura de parede, estrutura de teto e elementos materiais. O projeto tem curadoria de Alice Granada e Diogo Santos Bessa.
Pintura de parede e obras presentes na exposição (Reprodução: Ana Cândida)
A exposição busca através de suas obras provocar um diálogo interno com o visitante sobre o que realmente seria o conceito de “corpo divino”. Através dos trabalhos os artistas buscam aprofundar questões relacionadas à potência do corpo, propondo uma dissolução das barreiras entre prazer e sofrimento, uma alusão até mesmo ao BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo, Masoquismo). Também é debatido de maneira artística as ideias tradicionais de que o corpo é um templo sagrado e determinadas coisas que você faz com ele são caracterizadas como um ato de profanação. O objetivo da exposição de certa maneira seria retomar concepções radicais sobre o corpo, e eroticamente aproximar divino e repugnante.
A curadora da exposição Alice Granada explicou que o projeto é focado em expressões que pretendem celebrar o potencial erótico do que foge o grotesco à norma cishetero branca. “Tenho a impressão de que discussões do tipo, na arte brasileira, com muita frequência convergem em alguns lugares comuns, como a expressão da sexualidade gay masculina, de um lado, ou, de outro, em reflexões sobre o corpo cisfeminino. Estas, que visam (com bastante razão, historicamente) superar ou criticar a objetificação desses corpos, redundando, portanto, numa crítica ao sexo em si”, disse Alice.
As obras expostas na Galeria certamente provocam um questionamento em quem as está olhando, algumas delas você não consegue entender de primeira, mas com calma acaba compreendendo do que se trata a obra e até mesmo consegue imaginar o motivo de ela estar sendo exposta neste coletivo. Um exemplo seria a pintura óleo sobre tela intitulada “A Fantasia” feita pelo artista Renan Teles, em 2022. De início, percebe-se a presença apenas de uma mulher no centro da pintura, mas logo em seguida as presenças de outras pessoas são notadas ao redor dela. O uso das cores amarelo e vermelho também contribuem na criação de uma atmosfera alegre, mas também quente e “proibida”.
Obra “A Fantasia”, de Renan Teles, exposta na Galeria Candido Portinari (Reprodução: Ana Cândida)
Os artistas presentes no projeto são Carolina Melgarejo, Fava da Silva, Fernanda Azou, Flávia Ventura, Gabriella Barbosa, Luísa Callegari, Márcia Falcão, Marlon Amaro, Nike Krepische, Nuno Q. Ramalho, Renan Teles e Sansa Rope. A exposição “Sagrado Abjeto” está em funcionamento na Galeria Candido Portinari de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 19h. A entrada é gratuita e aberta ao público em geral.
Comments