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Everton Victor, Kauhan Fiaux e Leonardo Siqueira

Samba e Carnaval: raízes do povo brasileiro

Atualizado: 9 de fev.

Integrantes da Unidos de Vila Isabel exaltam relação de amor, dedicação e pertencimento à Escola


Por: Everton Victor, Kauhan Fiaux e Leonardo Siqueira


Presidente da Velha Guarda em ensaio na rua Boulevard 28 de Setembro. Reprodução: Redes Sociais (Instagram Vila Isabel)

O calendário de 2024 marca um dia específico para o Carnaval: 13 de fevereiro. Mas, para muitos, o Carnaval vai muito além de um só dia: é uma vida. Esse é o caso de Cheila Rangel, presidente da Velha Guarda da Unidos de Vila Isabel e que completa 41 anos na Escola de Samba: “Eu tenho amor pela minha Escola. A Vila Isabel é uma das coisas mais importantes para a minha vida”, declara.


O primeiro contato de Cheila Rangel com a Escola de Samba foi como passista. Depois, ao longo dos anos, assumiu funções como diretora da ala das passistas e diretora social, até se tornar benemérita da Escola, presidente do Conselho Fiscal da Herdeiros da Vila e presidente da Velha Guarda. Hoje, aos 72 anos, ela garante: “Tudo o que eu faço é por amor. Eu me doo para a Vila Isabel”.


Assim como ela, Macaco Branco, mestre de bateria da Escola, também tem longa história com a Azul e Branca. Começou a desfilar por volta dos 13 anos, influência dos pais que já viviam na Escola. Foi diretor de bateria, diretor musical, e hoje comanda a “Swingueira de Noel”. “Se não estiver mais como mestre e precisar empurrar carro, eu vou. É sobre o apreço e carinho pela Escola. Eu pretendo ser Vila Isabel eternamente”, afirma. Para ele, uma Escola de Samba é como se fosse um quilombo, onde todos se reúnem para comemorar e festejar o Samba, Cultura do povo brasileiro.


Paula Bergamin, musa da Escola desde 2019, é mais uma que compartilha desse sentimento: “Na Vila eu me sinto em casa. (Ela) se tornou uma segunda família”. Paula destaca ter sido muito bem recebida pela comunidade e relata estar sempre presente nos ensaios e eventos da Escola. Aos 62 anos, ela acumula mais de dez desfiles como musa e é uma inspiração para as mais jovens.


Paula Bergamin, musa da Vila em ensaio da Escola. Reprodução: Fausto Ferreira

‘Não deixe o Samba morrer’


A ancestralidade é um dos pilares que fazem o Ccarnaval acontecer. Na Velha Guarda da Vila Isabel, segundo Cheila Rangel, fazem parte netas do fundador da Escola, a primeira mulher a desfilar na bateria da Azul e Branca e uma porta-bandeira de 92 anos. Exemplos da essência do sentido de comunidade que as Escolas de Samba representam: valorizar quem faz parte dessa história.


Contudo, há também a preocupação com o futuro. Para Macaco Branco, uma “Escola” de Samba tem também o papel de ensinar e de “plantar a sementinha” para as próximas gerações: “O Samba é nossa Cultura e nossa raiz, e a gente tem que levar isso para o mundo e para a vida. Se não ensinar, isso acaba”. O mestre de bateria acredita que, a Herdeiros da Vila, Escola de Samba, mirim da Vila, seria o “Gbalá da Vila Isabel”, em referência ao enredo da escola para o Carnaval, 2024, que vê nas crianças o caminho para um futuro.


Em casa, Macaco Branco já pode ver a semente dar frutos. Ele conta que já desfila com seu filho de 13 anos ao seu lado no comando da bateria, enquanto o mais novo, de apenas 3 anos, já é fascinado pela Vila Isabel: “Ele nasceu amando aquilo”, relata.


MacacoBranco,mestre de Bateria da Vila Isabel (à esquerda). Reprodução: Diogo Mendes

História, Economia e Cultura


De acordo com especialistas, a Cultura do Carnaval se perpetua através da ancestralidade, religiosidade e da resistência do “sambar”. As Escolas de Samba são uma representação e continuidade dessa Ccultura que é a marca do Brasil. Os desfiles se iniciaram na Praça Onze, região central do Rio, e desde 1978 ganharam um espaço que se tornou a Passarela do Samba Professor Darcy Ribeiro: a Sapucaí. Em um esquema de monte e desmonte após os desfiles, foi apenas em 1983 que o Samba passou a ter um palco com estrutura permanente. Resultado de uma história de resistência e luta para não deixar o Samba morrer, e que não se resume a uma data marcada em fevereiro ou março.


Além de cultural, o Carnaval movimenta todo um comércio e logística na cidade. Só neste ano, o Governo do Estado do Rio de Janeiro vai investir R$ 62 milhões no Carnaval. Segundo dados do próprio governo estadual, a estimativa é que a capital receba mais de 5 milhões de pessoas, o que atua diretamente no turismo e na economia local.


Ao longo do ano, os ensaios das Escolas de Samba também colaboram para aquecer a economia. Com ensaios no Boulevard 28 de Setembro, a Vila Isabel é uma atração cultural e econômica para a comunidade: “A galera vem pra curtir, tomar uma cerveja, cantar, aplaudir e prestigiar a Eescola”, conta Macaco Branco. Além de itens para o consumo, como bebidas e comidas, nos arredores da quadra da Escola é possível encontrar a venda de itens da Azul e Branca, como camisas e bonés.


Da folia também é construído um pertencimento de estar e representar uma Escola de Samba. A lógica do Carnaval se diferencia do contexto da competitividade: as Escolas são, sobretudo, co-irmãs, que lutam para manter o Samba e sua história vivos. Uma identidade nacional que é marcada pela construção do próprio país. Agremiações com histórias fincadas em terreiros, na negritude, nas periferias e subúrbios, além de claro, na folia.







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