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Simone Nascimento

Saneamento no estado do Rio apresenta resultados modestos em quase três anos de concessão

Apesar das reclamações de consumidores, especialistas analisam o serviço com otimismo



Foto: Fachada da Cedae-Tomas Silva/Agência Brasil


Prestes a completar três anos da privatização da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), o serviço ainda apresenta resultados modestos, é o que aponta o relatório divulgado pelo instituto Trata Brasil, que analisa o saneamento básico nos 100 maiores municípios do país. A concessionária Águas do Rio, responsável por atender a 124 bairros das Zonas Norte e Sul, além de outros 26 municípios do estado do Rio de Janeiro, afirma ter instalado mais de 160 quilômetros de tubulação, além de ampliar o abastecimento de água para mais 250 mil pessoas. Apesar disso, o ranking do saneamento do Trata Brasil revela alguns dados problemáticos.  A capital fluminense e Nova Iguaçu apresentaram queda entre 2021 e 2023. As duas cidades ocupavam respectivamente as 43° e 47°posições passando para as 48° e 72°.  


Especialistas lembram o longo período em que a Cedae operou sem investimentos no setor de saneamento básico como uma das causas das falhas no abastecimento. Outro problema apontado está na degradação dos mananciais, que são afetados pelo despejo diário de 400 milhões de litros de esgoto in natura, o equivalente a 200 piscinas olímpicas. Apesar de ser o 4º estado brasileiro com maior cobertura de saneamento básico, o Rio  trata  pouco mais de 47% do esgoto domiciliar, um desempenho pouco acima da média nacional que é de 45%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, há  falta de preservação da área marginal, muitas vezes ocupada pela população de baixa renda, com habitações irregulares. Os especialistas ressaltam ainda que as instalações e tubulações são muito antigas e que a captação e tratamento da água continua sob a responsabilidade da Cedae, enquanto a Águas do Rio é responsável pelo abastecimento.


Adacto Ottoni, Professor Associado do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) afirma que o licenciamento ambiental das estruturas de saneamento precisam ser bem feitas. O professor salienta ainda que é necessário que as concessionárias utilizem soluções com sustentabilidade ambiental, em que se tenha o aproveitamento do lodo como composto orgânico na geração de energia, através do biogás e também para revitalizar o solo das margens dos mananciais.

(ASPAS)


Friedrich Wilhelm Herms, Professor Associado da Faculdade de Oceanografia e Coordenador do Mestrado Profissional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos aponta que a meta de universalização proposta pelo Marco do Saneamento é ousada e exigirá um esforço jamais empreendido na história do saneamento básico no Brasil. Herms ressalta que o problema do saneamento básico vem de longa data e exige soluções no mesmo nível de complexidade. “Levará algum tempo para alcançar a excelência dos serviços prestados nesta área. Mas a capacidade técnica e econômica das empresas privadas que assumiram esse negócio me deixa bastante otimista” enfatiza o professor.


Sentindo na pele e no bolso



Reprodução: Pixabay


Devido a escassez do abastecimento, em algumas localidades, o banho virou artigo de luxo e isso faz com que a população fluminense sinta na pele de forma ainda mais intensa os recordes de temperatura. No Reclame Aqui, site que agrega avaliações de consumidores de vários serviços, a Águas do Rio tem uma pontuação de 4,9 de uma escala que vai até 10. Nas redes sociais da empresa as queixas se acumulam e são variadas. A Zona Norte concentra 61% das reclamações, conforme indica o relatório da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa). 


A moradora de Vigário Geral, Ivete, conta que tem problemas com a cobrança. Segundo o relato da moradora, as contas são emitidas com valor muito alto e feitas por estimativa, ou seja,  sem que um funcionário faça a leitura do hidrômetro.  Já a moradora da Ilha do Governador, Nicolly, além de enfrentar problemas com as contas, também relata escassez no abastecimento. A jovem reclama da dificuldade para conseguir tomar um simples banho e também dos gastos com a compra de água mineral.

Outro ponto problemático é a tarifa social que usa um regulamento de 1999 e restringe essa modalidade de cobrança aos moradores de favelas, o que exclui os demais consumidores de baixa renda.


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