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Everton Victor, Kauhan Fiaux e Leonardo Siqueira

‘Solta o bicho!’: Vila Isabel aposta em reedição de Gbalá para o Carnaval, samba clássico de Martinho da Vila

Atualizado: 22 de fev.


Macaco Branco, mestre de bateria da Escola, declara: “a cereja do bolo que falta para a Vila Isabel ser campeã”


Por: Everton Victor, Kauhan Fiaux e Leonardo Siqueira


Quadra da Unidos de Vila Isabel. Foto: Fausto Ferreira

“Gbalá é resgatar! Salvar!”. Embalada pelo samba de Martinho da Vila, a Unidos de Vila Isabel revisita o enredo de seu desfile de 1993 e cantará de novo na Avenida “Gbalá - Viagem ao Templo da Criação”. Para Macaco Branco, mestre de bateria da Escola, o enredo se destaca por sua atemporalidade e seus ensinamentos sobre preservação da natureza e amor ao próximo: “Um samba que ficou para a história do Carnaval. Independente da época, ele vai estar muito atual”.


O enredo reflete sobre os males que a humanidade causa ao planeta Terra e a salvação através da pureza das crianças como a esperança do criador da humanidade, Oxalá. “Gbalá - Viagem ao Templo da Criação” foi desenvolvido por Oswaldo Jardim, em 1993, e terá agora a assinatura do carnavalesco Paulo Barros.


Segundo o mestre Macaco Branco, a escolha por reeditar o enredo passa também por fortalecer o desfile da Vila Isabel em quesitos nos quais a Escola perdeu pontos no Carnaval do ano passado, como o enredo e o samba enredo, quando terminou na 3ª posição, apenas cinco décimos atrás da campeã Imperatriz Leopoldinense. Um dos grandes marcos do desfile da Vila de 2023 foi a alegoria de São Jorge, que encantou a Sapucaí e que está exposta na Cidade do Samba.


Já em 1993, apesar do 8º lugar, a escola garantiu nota máxima nos dois quesitos (enredo e samba enredo) e venceu o Estandarte de Ouro de melhor samba enredo: “Esse samba de 93 é para poder botar a cereja no bolo que falta para a Vila Isabel ser campeã do Carnaval”, afirma Macaco Branco. 


Mestre Macaco Branco (à esquerda). Foto: Instagram da Vila Isabel

A presidente da Velha Guarda, Cheila Rangel, é uma das remanescentes do desfile de 1993. Há 41 anos na agremiação Azul e Branca de Vila Isabel, Cheila conta que apesar de alguns contratempos, como a chuva durante o desfile, considera um Carnaval marcante na história da Vila. Para ela, a reedição de Gbalá, agora com enredo assinado por Paulo Barros, “vai ser um Carnaval para não colocarem defeitos”.


Os ensaios de rua


Tradicionalmente às quartas-feiras, a Vila Isabel transforma o Boulevard 28 de Setembro em uma pequena Sapucaí. No comando da "Swingueira de Noel", Macaco Branco declara que os ensaios de rua têm o papel de colocar em prática tudo o que a Escola pretende levar para a Avenida: “A gente vê tempo, andamento, formas de samba, como vai ser a introdução, o que fazer para a bateria evoluir. O ensaio de rua é maravilhoso porque a gente tem um parâmetro do que vai ser no grande desfile”.


Segundo o mestre de bateria, o ensaio começa às 19h30 com um trabalho técnico da bateria dentro da quadra, ao melhor estilo da agremiação Azul e Branca: “O andamento do desfile é muito próximo do que foi em 93. A gente brinca com algumas coisas trazendo mais para a atualidade, mas enquanto estivermos aqui, vamos lutar para ser o ritmo característico da Vila Isabel. Uma bateria muito tradicional”, garante Macaco Branco.



Ensaio de rua da Vila Isabel. Foto: Carlos Lúcio

Às 21h, o Boulevard 28 de Setembro é fechado e os integrantes partem com os instrumentos para a frente da Basílica Nossa Senhora de Lourdes, onde ocorre a concentração da Vila Isabel, e o desfile começa em direção à quadra da Escola, local de encerramento do ensaio. O primeiro ensaio de rua para o Carnaval de 2024 foi realizado no dia 18 de outubro do ano passado, e o último no dia 31 de janeiro deste ano. 


Contudo, a preparação para um desfile não se resume aos ensaios de rua ou até mesmo na quadra. Paula Bergamin, musa da Vila Isabel desde 2019, revela sua rotina para se manter pronta para o desfile. Aos 62 anos, ela conta que faz musculação e aulas de samba e dança durante todo o ano: “Eu me preparo o ano todo porque com a minha idade eu preciso fazer mais que as musas jovens. Então eu me dedico. Agora, na reta final, eu apertei um pouco mais os treinos, que são diários, e os cuidados com a alimentação para chegar mais em forma e com fôlego”.


Ao trazer novamente Gbalá para a Avenida, a Azul e Branca da Vila homenageia a sua própria história e de sua comunidade. Seja através daqueles que desfilaram no desfile de 1993, como a Presidente da Velha Guarda, assim como os que ingressaram posteriormente na Escola, o samba-enredo é um grito de esperança que se mantém presente na comunidade. 


A Unidos de Vila Isabel será a terceira escola a desfilar na segunda-feira, dia 12 de fevereiro, em busca do seu quarto título de Carnaval na sua história. Com um desfile permeado de significados entre passado, presente e futuro, o samba clássico da Azul e Branca relembra a Sapucaí: “Para salvar a geração, só esperança e muito amor”.

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