Na reta final de preparação para o Carnaval 2023, as escolas de samba da Grande Tijuca fazem contagem regressiva para o grande dia
Componentes da ala Escrava Catirina e Pai Franciso da Paraíso do Tuiuti - Foto: Redes sociais
O carnaval do Rio está se aproximando e chegou a hora das escolas de samba mostrarem todo o trabalho que foi realizado durante os 11 meses de preparação. As agremiações da Grande Tijuca prometem estremecer a Marquês de Sapucaí e levantar o público com enredos de tirar o fôlego, marcando o retorno da normalidade do carnaval de avenida após os desfiles atípicos que aconteceram em 2022 em razão da Covid-19.
“É uma expectativa muito grande para o grande dia, eu desfilo na Tuiuti desde 2018 e é sempre a mesma emoção. Todo ano é uma experiência diferente, não tem como falar que é igual. Ver a ala que eu coordeno crescendo e a alegria dos componentes só aumenta as minhas expectativas. Só quem ama, sente, sabe e entende esse amor pelo carnaval”, relata Roberta Melo, coordenadora da ala Escrava Catirina e Pai Francisco da Paraíso do Tuiuti.
Os desfiles vão acontecer no dia 19 e 20 de fevereiro, e muitas agremiações já estão entrando na reta final de preparação para o carnaval. A Unidos de Vila Isabel, que realizou nesta quarta-feira (8) o seu último ensaio de rua, celebra seus 100 anos na Sapucaí com o enredo “Nessa festa, eu levo fé”, do carnavalesco Paulo Barros. A agremiação vai falar sobre a poética das festas de cunho religioso que mobilizam a população brasileira.
“Minha expectativa é de um grande carnaval, muito disputado. A Vila tem um samba forte e fácil de cantar, nosso enredo é muito rico. Alegria, celebração e religião, tudo misturado e desenvolvido por um novo carnavalesco na Escola, Paulo Barros, que sempre surpreende. Acho que a Vila tem tudo pra disputar o título com muita chance de vencer ! É o que espero. Evoé, Evoé!”, conta Paula Bergamin, musa da Unidos de Vila Isabel.
A fantasia da ala das baianas da Unidos de Vila Isabel representa a lavagem da escadaria da Igreja do Bonfim, em Salvador - Foto: Divulgação
A Paraíso do Tuiuti é a primeira escola a desfilar na segunda-feira de Carnaval (20), e traz como enredo o Mogangueiro da cara preta, dos carnavalescos Rosa Magalhães e João Vitor Araújo. A escola de São Cristóvão vai usar a história de como o búfalo foi parar na Ilha de Marajó e exaltar a cultura do estado do Pará, com a presença ilustre do carimbó. A história começa no século XIX, a partir do comércio das especiarias, com carregamento de temperos e búfalos saindo da Índia com destino à Guiana Francesa. Segundo a lenda, o barco enfrentou uma tempestade e naufragou na costa brasileira, toda a tripulação morreu, somente os búfalos sobreviveram.
“O enredo da Tuiuti nem deveria mais ser uma surpresa, pois vindo de Cláudio Russo e Moacyr Luz é só esperar coisa boa, como no carnaval de 2018, que quase chegamos ao campeonato. Ê, Calunga, ê! Ê, Calunga! Preto Velho me contou, Preto Velho me contou, mora a senhora liberdade, não tem ferro nem feitor. E agora em 2023 não poderia ser diferente, vamos chegar cantando com força na Sapucaí”, afirma Roberta.
Componentes da ala escrava Catirina e Pai Francisco da Tuiuti no grito de carnaval da comunidade (4) Foto: Redes sociais
Já a Unidos da Tijuca vai defender na Sapucaí o enredo "É onda que vai… É onda que vem… Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar no samba da minha terra", do carnavalesco Jack Vasconcelos. A amarelo ouro e azul pavão pretende trazer para a avenida a cultura, alegria, história, misticismo, musicalidade e beleza da Baía de Todos os Santos, da Bahia. A parceria campeã é formada por um trio de grandes nomes como Julio Alves, autor do samba exaltação “O dia vai chegar”, Claudio Russo, que estreou na ala de compositores da Unidos da Tijuca este ano e Tinga, intérprete oficial da escola entre os anos de 2014 a 2018.
“A escola está muito forte e confiante para pisar na Sapucaí, isso é maravilhoso porque durante a pandemia foi muito difícil ficar longe dessa coisa envolvente que é o Carnaval de avenida. Este ano vou estar no sambódromo e não perco minha Tijuca por nada, torço desde criancinha, é tradição lá em casa”, explica Geovana Castro, aluna de arquitetura da UFRJ.
Ensaio de rua da Unidos da Tijuca no morro do Borel - Foto: Mauro Samagaio
Outro que não esconde sua animação para o início dos desfiles é Fabrício Moraes, morador da Tijuca há 50 anos, torcedor de carteirinha da escola. “Não vou mentir, me sinto uma criança em dia de festa quando o assunto é Unidos da Tijuca. Acompanho a escola desde pequeno e é sempre a mesma emoção, esse ano vou acompanhar pela televisão e vou torcer demais, cantar até ficar rouco”, afirma Fabrício com um sorriso no rosto.
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