Edina Alves ganhou destaque como a primeira a apitar uma final do Paulistão, mas a luta pelo protagonismo feminino não é recente.
Foto: CBF
Edina Alves é a primeira mulher a arbitrar uma partida da final do Paulistão. O primeiro duelo entre Palmeiras e Água Santa pela vitória do estadual, no último dia 2, marcou o momento histórico na carreira da árbitra e no futebol brasileiro. A decisão foi feita a partir de um sorteio realizado pela Federação Paulista de Futebol. O jogo contou, ainda, com Neuza Ines Back como uma das árbitras assistentes. O resultado da partida foi de 2x1 para o Água Santa.
O marco foi enfatizado por Edina Alves durante uma coletiva de imprensa na sede da Federação Paulista de Futebol. A árbitra ressaltou a importância da conquista para as mulheres na luta pelo protagonismo feminino no futebol. “Fazemos com muita dedicação e amor, e ainda temos que fazer mais ainda sendo uma área dominada por homens”, disse.
Promovida pela Comissão de Arbitragem da CBF, Edina esteve presente na pré-temporada de árbitros da elite do futebol brasileiro, no Rio de Janeiro. O evento, que conta com um treinamento intenso, é uma oportunidade para os profissionais aprimorarem as técnicas, receberem orientações e compartilharem conhecimentos com os colegas de trabalho. A árbitra, que é uma das representantes da Copa do Mundo Fifa Feminina, estará presente na edição deste ano do campeonato, que tem início em julho na Austrália e Nova Zelândia.
Durante sua participação no evento, Edina ressaltou a importância de treinamentos como o promovido pela CBF para o corpo de arbitragem. “É muito importante para a arbitragem esse alinhamento das regras. Tenho muito a agradecer por esse conhecimento e todo o investimento que a CBF está nos proporcionando”, enfatizou a árbitra, que concilia a preparação para o mundial feminino com as partidas do calendário nacional.
Pioneirismo
Ainda que hoje as mulheres conquistem mais espaço em um área dominada por homens, a luta para ocupar os espaços na arbitragem do futebol não é recente. Se hoje temos Edina Alves sendo responsável por momentos marcantes para a arbitragem feminina, também temos figurantes importantes que compõem a história das árbitras.
Umas das primeiras mulheres representantes da arbitragem feminina no mundo, Léa Campos enfrentou desafios para apitar jogos de futebol. A Confederação Brasileira de Desportos, órgão responsável pelos esportes no Brasil na época da ditadura, não permitiu a atuação da árbitra. Durante esse momento, o futebol feminino também era proibido no país.
Além de atuar como árbitra, Léa Campos se destacou ao fundar, em parceria com outras torcedoras, a Torcida Organizada do Cruzeiro Acadêmico (T.O.C.A.). A organização tinha como objetivo arrecadar dinheiro para investir em artigos para a festa azul e branco do Cruzeiro, realizada no Mineirão, em Belo Horizonte. O bom relacionamento com o time deu a Léa o cargo de relações públicas, em que a mineira era responsável por acompanhar a equipe alviceleste, além de organizar informações para os repórteres que cobriam eventos esportivos.
Léa Campos também atuou no jornalismo esportivo ao trabalhar na Rádio Nacional e na Rádio Mulher, sendo uma das primeiras repórteres de campo do Brasil. Com as transmissões de jogos nas rádios, a jornalista fez seus comentários e análises futebolísticas, em especial sobre a arbitragem.
Outros registros mostram a participação de outra mulher no pioneirismo das árbitras no futebol. A turca Drahsan Arda recebeu sua licença para apitar em novembro de 1967 e em junho de 1968 estreou como árbitra. Apesar da ausência de documentos para a entidade máxima do futebol, a Fifa teria reconhecido Drahsan como uma das primeiras no mundo da arbitragem feminina.
A organização não confirma a primeira árbitra da história, mas busca realizar investigações mais profundas e reconhece a importância do protagonismo feminino no setor.
Comments