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  • Foto do escritorJulia Santos

Alô, alô, marciano, já provou ora-pro-nóbis?

Cientistas da Uerj simulam em laboratório o solo de Marte para estudar novas maneiras de cultivar alimentos


No filme “Perdido em Marte”, o astronauta vivido por Matt Damon consegue a proeza de plantar batatas no planeta vermelho. Longe da ficção científica, cientistas da Uerj também estão estudando formas de cultivo no solo de Marte. O trabalho, que já é feito há três anos, simula o solo do planeta para receber o plantio de vegetais. O objetivo é estudar novas formas de produzir alimentos. A pesquisa é realizada pelo Núcleo de Genética Molecular Ambiental e Astrobiologia (NGA), com apoio do Laboratório de Biotecnologia de Plantas (Labplan), grupo de pesquisas que integra o Núcleo de Biotecnologia Vegetal (NBV) da Uerj.


O NGA busca avaliar o crescimento de vegetais em diferentes condições atmosféricas com o objetivo de fornecer dados para futuras missões de colonização no sistema solar. Já foram feitos testes com tomate, feijão e soja. Mas, se as batatas salvaram o astronauta de Damon (perdão pelo spoiler!), no laboratório uerjiano quem brilha é a ora-pro-nóbis, uma planta da família das cactáceas. É uma planta comestível, rica em fibras e vitaminas, com alto valor nutritivo e fácil de cultivar, pois as características evolutivas da família das cactáceas contribuem para a adaptação em condições mais áridas. Isso torna a ora-pro-nóbis um importante objeto no estudo, já que Marte é um planeta árido, com temperaturas muito baixas e de difícil adaptação.


O professor Cesar Amaral, coordenador do Núcleo de Genética Molecular Ambiental e Astrobiologia (NGA), explica por que aprender a cultivar em Marte. “Ter um plano B é sempre bom. Alguns grupos de pesquisa, alguns bilionários com suas empresas, já perceberam isso. Além disso, tem toda a questão de exploração de recursos que você tem disponíveis. A gente tem esse viés de exploração de outros corpos fora daqui”, disse Amaral ao se referir ao interesse da humanidade em colonizar outro planeta.


Amostra de feijão. (Foto: NGA/UERJ)


O Labplan auxilia na análise das plantas. Coordenado pela professora e diretora do Instituto de Biologia Norma Albarello, é especializado em germinação e cultivo de vegetais, além de auxiliar na parte experimental do projeto. O processo de pesquisa com os vegetais é feito em uma sala que simula condições de temperatura e umidade em Marte. Para que a germinação das sementes seja bem sucedida, os tubos de ensaio são esterilizados para receber a terra preparada pelos pesquisadores. A equipe analisa o crescimento das plantas e organiza os itens para os novos ciclos de germinação. Os simuladores recebem preparação para o processo a partir de informações colhidas desde 1965, ano em que os primeiros registros do visual e atmosfera de Marte começaram a ser feitos.


Quem sabe, se em vez de batatas, o astronauta de Damon tivesse plantado ora-pro-nóbis… talvez até tivesse ficado morando em Marte.

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