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  • Juliana de Sá

No centenário da “Resposta Histórica”, atletas sub-17 do Flamengo são vítimas de injúria racial

Cem anos após documento que mudou o futebol brasileiro, atletas negros continuam constantemente sofrendo ataques racistas


Foto: Marcelo Wanke/Vasco da Gama


No domingo, 14, a cidade do Rio de Janeiro comemorou o centenário da Resposta Histórica. A carta, redigida pelo então presidente do Vasco da Gama, José Augusto Prestes, continha a recusa do clube a dispensar doze atletas, negros e operários, do elenco campeão carioca de 1923. Exatamente cem anos depois, porém, mais um episódio de racismo ocorre no futebol. Em nota, o Flamengo divulgou que atletas da base que disputavam a Generation Adidas Cup sub-17, na Flórida, foram vítimas de injúria racial em jogo contra o Philadelphia Union.


Esse caso está longe de ser isolado. Ainda este ano, por exemplo, o atleta Lucas Eduardo, capitão do sub-20 do Vasco, foi vítima de injúria racial em partida válida pela Copinha, em Guarulhos, São Paulo. Foram proferidos pela arquibancada insultos racistas, além de uma garrafa ter atingido o jogador. Já na Espanha, o brasileiro Vinicius Júnior, do Real Madrid, sofre com constantes ataques racistas. Em entrevista coletiva antes do amistoso entre as seleções brasileira e espanhola, o atacante chorou ao falar sobre o racismo que sofre no país europeu. Em fevereiro, quando o atacante Endrick disputava o Pré-Olímpico pela seleção brasileira, o jogador publicou um vídeo onde torcedores venezuelanos imitavam macacos para seu pai no estádio Brígido Iriarte, em Caracas.


Foto: Rafael Ribeiro/CBF


Passaram-se cem anos da explícita tentativa de exclusão de atletas negros por parte da elite do futebol carioca. Um século desde que o Club de Regatas Vasco da Gama se posicionou contra o racismo vigente no Rio de Janeiro à época. Sem isso, talvez o Brasil não tivesse ídolos como Pelé, Garrincha, Romário, Cafu, Leônidas da Silva, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho… e talvez o Brasil não fosse o “país do futebol”. Ainda assim, atualmente, jogadores negros seguem sendo vítimas de ofensas à sua cor. Apesar de muito ter mudado em um século, a mentalidade racista continua a ser perpetuada, e o povo negro segue sendo sujeito a exclusões sistêmicas.


O Flamengo afirma ter entrado com representação formal à Major League Soccer (MLS), organizadora do torneio que os jovens da base do clube carioca disputavam, e a entidade declarou que irá investigar o caso. Além disso, a equipe se recusou a entrar em campo para disputar o terceiro lugar. O Vasco da Gama demonstrou apoio ao maior rival pelas redes sociais. Nos casos envolvendo Lucas Eduardo, Vinicius Júnior e o pai de Endrick, os autores seguem impunes. 



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3 Comments


Francisco Moura
Francisco Moura
Apr 19

Essa futura jornalista, Juliana de Sá, tem em suas veias a essência de uma boa reportagem.

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Alessandro Martins
Alessandro Martins
Apr 19

Muito boa a reportagem

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Dani Martins
Dani Martins
Apr 19

Parabéns! Excelente matéria!

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