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No rastro do mercúrio em terra indígena

Em parceria com a Fiocruz, pesquisadores da Uerj estudam contaminação pelo metal e seus impactos na saúde humana


Da esquerda para à direita: o cacique do povo Paiter-Suruí, o pesquisador Paulo Basta e Almir Suruí (Foto: Informe Ensp)


Uma pesquisa realizada pelo grupo de pesquisa Ambiente, Diversidade e Saúde da Fiocruz em parceria com o Laboratório de Pesquisa de Ciências Farmacêuticas da Uerj busca identificar os níveis de contaminação por mercúrio na saúde humana e na natureza. Os pesquisadores visitaram a Terra Indígena Sete de Setembro – do povo Paiter-Suruí –, em Rondônia. Alvo do garimpo ilegal, a região sofre com a ação dos criminosos que buscam extrair ouro.


A equipe de pesquisadores foi a campo entre os dias 29 de abril e 6 de maio. Passou uma semana na aldeia Lapetanha, na região de Cacoal, em Rondônia, em busca de informações. Foram realizados exames clínicos neurológicos, avaliações clínicas, testes com crianças e censo socioeconômico com a população indígena local.


Com o intuito de analisar possível presença de mercúrio no organismo dessas pessoas e as alterações genéticas provocadas, os pesquisadores recolheram material biológico delas. A equipe da Ensp/Fiocruz está responsável por analisar amostras de cabelo e tem o auxílio de um analisador portátil de mercúrio. Já as amostras colhidas das mucosas da boca estão sendo analisadas pelo Lapesf/Uerj, com coordenação da geneticista Jamila Perini.


Durante a realização do censo socioeconômico feito pela equipe, foram ouvidas 176 pessoas das aldeias de Lapetanha, Gamir, Riozinho, Pabekepi, Joaquim e Tikã. O trabalho inclui a coleta de dados sobre estrutura domiciliar, renda, escolaridade e o total de habitantes por moradia. Em relação à contaminação por mercúrio, o trabalho dos pesquisadores reuniu relatos de pessoas com problemas de saúde ligados, principalmente, ao consumo de pescado.


O mercúrio é um metal usado pelos criminosos do garimpo ilegal para unir as pequenas partículas de ouro presentes rios. Em contato com os rios, o elemento se transforma em um contaminante com toxicidade alta chamado metilmercúrio, disseminado pela correnteza. O uso do componente metálico causa a contaminação dos peixes, o que pode levar a problemas de saúde por quem consumir o alimento. Além dos impactos causados nas águas, o mercúrio também é um poluente atmosférico. Com o calor, o metal evapora no ar e contamina a atmosfera.


A equipe responsável pela pesquisa busca agora analisar todo o material recolhido, construir uma base de dados, fazer um cruzamento dessas informações, produzir um relatório e laudos individuais de cada participante. Caso a resposta das análises seja positiva, os laudos vão mostrar se há contaminação por mercúrio e qual o nível da concentração do componente químico no organismo dessas pessoas. O resultado tem previsão de ser devolvido aos integrantes da pesquisa no final do ano.


Com o apoio da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e da rede WWF (Fundo Mundial Para a Natureza), com foco em preservação em mais de 90 países, o projeto definiu a população e o território para análise. Os residentes locais também participaram desse processo. O trabalho dos pesquisadores faz parte da Proteção dos Povos Indígenas e Tradicionais do Brasil, projeto que conta com financiamento do governo da Alemanha através de financiamento e auxílio da WWF.


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