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  • Foto do escritorLeonardo Siqueira

Novo mundo para velhos campeões

Atualizado: 12 de set. de 2023

Arábia Saudita impacta universo do futebol com contratações de estrelas e seus altos salários



Fonte: Redes Sociais/ Al-Hilal

Neymar chega ao Al-Hilal após seis anos no PSG


Neymar, Cristiano Ronaldo, Mané, Benzema, entre tantos outros craques, se tornaram assunto no mundo do futebol nos últimos meses. Mas eles não ganharam as capas dos jornais por conta de golaços ou jogadas espetaculares, como se acostumaram a fazer ao longo de suas carreiras, e sim por suas transferências para a Arábia Saudita.


Com pesado investimento no futebol, a Saudi Pro League, liga profissional da Arábia Saudita, já gastou, até o momento, cerca de 899 milhões de euros (R$ 4,8 bilhões) em contratações nesta janela de transferências. A mais cara delas foi a do brasileiro Neymar, que deixou o PSG para se juntar ao Al-Hilal por 90 milhões de euros. Neste recorte, apenas a Premier League, da Inglaterra, gastou mais nas contratações de atletas do que a liga saudita (2,81 bilhões de euros). Vale ressaltar ainda que muitos jogadores chegaram a custo zero, ou seja, não houve gasto com a transferência do atleta, como foram os casos de Benzema e Kanté, por exemplo.


De acordo com Irlan Simões, jornalista e doutor pelo Programa de Pós Graduação em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o investimento da Arábia Saudita no futebol não é de agora, mas há razões para que tenha se intensificado. Uma delas é a implementação do “Saudi Vision 2030”, um programa estratégico elaborado em 2016 e que tem como principais objetivos a redução da dependência do país com o petróleo e a diversificação da sua economia, investindo em outros segmentos, como o futebol. Liderado por Mohammad bin Salman, príncipe herdeiro do país, o projeto também busca tornar o país uma liderança da região islâmica e entre os países de maioria árabe.


No entanto, Irlan Simões destaca que não são apenas razões econômicas que envolvem o investimento da Arábia no futebol, mas, principalmente, políticas: “Se fala muito que é uma diversificação do investimento deles. Eu acho que é muito forçado acreditar que derramam um dinheiro no futebol para tentar tirar no futuro, porque não é uma indústria que dá dinheiro. Mas pouca coisa no mundo é tão poderosa como o futebol para projetar a imagem de quem está a frente”, declarou.


Fonte: Reuters/ Al-Ittihad

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Em 2021, o Fundo Soberano da Arábia Saudita (PIF), que atualmente administra cerca de 778 bilhões de dólares em ativos, comprou o Newcastle United, da Inglaterra, como forma de investimento em projeto de clube-Estado dentro do cenário europeu, semelhante ao que o Catar fez com o Paris Saint-Germain, por exemplo. Mas a Arábia Saudita foi além: “Uma coisa que ninguém imaginava é que eles voltariam os olhos para sua própria liga, que é o que fazem quando estatizam os clubes locais como uma forma de acelerar esse processo de crescimento e de investimento no futebol”, ressaltou Irlan Simões. Em junho deste ano, o Fundo Soberano realizou a compra dos quatro principais clubes da liga nacional: Al-Ahli, Al-Ittihad, Al-Hilal e Al-Nassr. Somados, os clubes possuem 39 títulos de 48 edições disputadas.


Além dos gastos em contratações, a liga saudita investe em salários altíssimos como forma de atrair as grandes estrelas do futebol mundial para o seu campeonato. Neymar, por exemplo, assinou um contrato de dois anos com o Al-Hilal com um salário de 160 milhões de euros por ano (R$ 861 milhões). O brasileiro é dono do terceiro maior salário do mundo do futebol, atrás apenas de Benzema e Cristiano Ronaldo, também da Arábia Saudita, ambos com contratos no valor de 200 milhões de euros anuais.


Diante deste investimento, Irlan Simões destaca que o futebol não é um tipo de indústria que oferece tamanho retorno econômico: “É sempre importante observar é que o futebol tem uma finalidade muito mais política do que financeira. Não é um negócio propriamente dito, é uma grande plataforma de relações públicas.” Para ele, portanto, o futebol na Arábia Saudita, como em outros lugares, é usado como estratégia de uso político a fim de limpar a imagem de um governo ditatorial e ganhar visibilidade internacional.


Novo eixo do futebol mundial?


Apesar das contratações impactantes e da quantidade de jogadores estrelados na atual liga saudita, Irlan Simões não acredita que o campeonato irá alcançar o nível de relevância do futebol europeu apenas pela injeção de dinheiro: “Os jogadores podem até escolher por dinheiro, mas tem uma coisa do status, da visibilidade e do lugar”, declarou. Segundo ele, é difícil superar os 150 anos de história do futebol europeu só com injeção artificial de dinheiro, visto que são centenas de clubes e cidades que vivem intensamente o futebol e sua cultura por mais de um século.


Para o jornalista, um movimento interessante para o futebol asiático seria a união das ligas de países como Arábia Saudita, Catar, China e Índia, por exemplo, e criar uma copa asiática, com uma população gigantesca, alta capacidade de visibilidade e de deslocar jogadores para esse novo ambiente. No entanto, a realidade indica que a tradição e a superioridade do futebol europeu devem prevalecer, pelo menos, durante algum tempo.

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