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Pesquisa da USP investiga potencial vacina para febre maculosa

Só na região Sudeste foram registrados este ano 30 casos da doença, que é transmitida por um tipo de carrapato



Foto do carrapato-estrela, principal transmissor da febre maculosa no Brasil/ Reprodução: Internet


Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) alcançaram resultados promissores em uma investigação científica voltada para o desenvolvimento de uma vacina capaz de combater a febre maculosa, doença transmitida pelo carrapato-estrela. O estudo, conduzido por uma equipe multidisciplinar, sugere que a vacina poderia não apenas prevenir a infecção em humanos, mas também auxiliar no controle da população de carrapatos.


De acordo com os dados do Ministério da Saúde, dos 30 casos de febre maculosa registrados na Região Sudeste neste ano, quatro ocorreram em Minas Gerais, oito no Espírito Santo, seis no Rio de Janeiro e 12 em São Paulo. Oito mortes foram registradas no estado de São Paulo. Segundo o levantamento, todas as vítimas estiveram presentes em um evento na Fazenda Santa Margarida no dia 27 de maio, localizada no distrito de Joaquim Egídio, em Campinas. Esse evento é considerado o provável foco de infecção para essas pessoas.


De acordo com os pesquisadores, a febre maculosa é uma doença grave, com taxa de mortalidade significativa, e sua incidência tem aumentado nas últimas décadas. O carrapato-estrela é o principal vetor responsável pela transmissão da bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da enfermidade. Até o momento, as estratégias de prevenção concentram-se principalmente no uso de repelentes e na verificação do corpo após exposição a áreas infestadas. No entanto, essas medidas não são suficientes para controlar efetivamente a disseminação da doença. O controle efetivo da população de carrapatos tem sido um desafio para os órgãos de saúde pública, tornando o cenário favorável para o desenvolvimento de uma vacina.


A ideia dos pesquisadores é que o controle seja feito através de animais que são hospedeiros do carrapato-estrela, como cavalos, capivaras e bois. O estudo revelou que após picar outros animais, o carrapato só sobrevive por conta de uma proteína que ele mesmo produz. Logo, foi constatado que se o carrapato não tiver uma determinada quantidade dessa proteína ele morre. E é justamente no combate a essa proteína que a vacina poderá controlar a população do transmissor. Pedaços dessa proteína, chamada de peptídeo, estão sendo produzidos pelos cientistas para imunizar animais silvestres. Vacinados, eles vão neutralizar a proteína do carrapato, levando o transmissor à morte e interrompendo a transmissão de doenças para os humanos.


De acordo com Thaís Amadeu, professora de Patologia Geral da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ, Inicialmente a doença se apresenta com febre alta e dores de cabeça, podendo haver dores musculares intensas e fraqueza e prostração. “A doença pode evoluir com hemorragias, náuseas e vômitos. As manifestações clínicas podem surgir após um período de incubação que leva em média 7 dias, podendo variar de 2 a 15 dias. O surgimento de lesões na pele pode acontecer do 3º ao 5º dia de doença, aí começam a aparecer manchas vermelhas (máculas) no corpo, semelhantes ao sarampo. O diagnóstico é geralmente realizado a partir do teste sorológico porque permite identificar a presença de anticorpos Anti-Rickettsia no sangue do paciente”, explica.


Thais ressalta que durante a doença, principalmente até o 10º dia, o indivíduo pode não ter anticorpos para a bactéria da febre maculosa, e o resultado do teste sorológico no início da doença pode ser negativo. “Assim, a coleta de uma segunda amostra de sangue pode ser necessária. Por isso, o Ministério da Saúde sugere que isso aconteça do 14º ao 21º dia após a primeira coleta de sangue. Pelo fato de a doença ser causada por uma bactéria, o tratamento tem como base o uso de antimicrobianos específicos via oral e de baixo custo. Em pacientes graves, com edema (inchaço) e vômitos, por exemplo, o antibiótico deve ser ministrado por via endovenosa, além do tratamento de suporte, dependendo da gravidade do caso, conta.


A professora explica que, dentre as medidas preventivas, é recomendado utilizar repelentes e vestir roupas claras, além de realizar uma verificação minuciosa tanto no corpo quanto nas vestimentas. Caso seja encontrado um carrapato, é crucial removê-lo do corpo imediatamente com precaução e proteção adequadas, como o uso de pinças, por exemplo.



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