Bolsa Atleta é o programa de investimento público de maior destaque no Brasil, mas não assegura recursos necessários para esportistas de diferentes realidades
Foto: Wander Roberto/COB
Darlan Romani, atleta de arremesso de peso que recebeu ajuda de vaquinha nas Olimpíadas de Tóquio em 2021.
Segundo Daniel Chagas, professor associado no Instituto de Educação Física e Desportos (IEFD) da Uerj, as principais formas de apoio aos atletas são o investimento público e o patrocínio privado, mas que atingem especialmente os esportistas já em destaque e possibilidades de conquistar medalhas e campeonatos. Do setor público, a principal fonte de investimento é o Bolsa Atleta, programa criado em 2005 e que patrocina atletas brasileiros.
Segundo o site do governo federal, “o público beneficiário são atletas de alto rendimento que obtêm bons resultados em competições nacionais e internacionais de sua modalidade”. O programa é dividido nas categorias Base, Estudantil, Nacional, Internacional, Olímpico/Paralímpico e Pódio, com valores mensais que variam entre R$ 370 e R$ 15 mil.
A categoria Pódio é a principal do programa e atende a atletas de alto rendimento que estão posicionados entre os 20 melhores do ranking mundial de sua modalidade ou prova específica e que têm maiores chances de medalhas e de disputar finais nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. De acordo com a Agência Brasil, nesta categoria, os valores variam entre R$ 5 mil e 15 mil por mês.
Nas demais divisões, os atletas classificados na categoria Nacional recebem, mensalmente, R$ 925, na Internacional, R$ 1,85 mil, e no Olímpico ou Paralímpico, R$ 3,1 mil. Já para as categorias Atleta de Base e Estudantil, o valor mensal destinado é de R$ 370.
Segundo um levantamento realizado pelo Globo Esporte, durante as últimas Olímpiadas, dos 309 atletas brasileiros em Tóquio, 78 não eram contemplados pelo Bolsa Atleta. Além disso, 131 não contavam com qualquer patrocínio, 36 faziam permutas, 41 dependiam de vaquinhas para arrecadar dinheiro e 33 precisavam conciliar o esporte com algum outro emprego.
Para o professor Daniel Chagas, portanto, há uma necessidade de ir além dos atletas de ponta e de alto rendimento e oferecer suporte também aos que ainda estão se desenvolvendo. Diante disso, Chagas acredita ser importante haver mais ações do setor público, de fomentar políticas públicas de investimento e de cultura esportiva no país, voltadas para educação e infraestrutura, e que auxiliam, não só no rendimento de um profissional, mas também em questões sociais, econômicas, promoção de saúde etc.
Ele também argumenta ser importante um maior investimento privado, mas admite que é mais difícil cobrar mudanças desse setor.
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